O
professor de Literatura da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), lotado no campus de Floriano, Daniel
Castello Branco, teve sua Tese de Doutorado aprovada com nota máxima na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), eleita na última semana
pela oitava vez consecutiva a melhor universidade federal do País em
avaliação divulgada pelo MEC. Graduado pela UESPI e mestre em Letras também
pela instituição, o docente apresentou sua tese intitulada “Imprensa e Literatura
Piauiense na República Velha”.
Daniel
Castello Branco foi orientado por Maria da Glória Bordini, atualmente nome
importante do estudo de arquivos, imprensa e literatura no Brasil. Na banca
ainda estavam o Dr. Antônio Hohlfeldt, teórico de comunicação e padrinho da
feira do livro de Porto Alegre 2019; Dr. Luiz Augusto Fischer, estudioso de
História da Literatura e autor de inúmeros livros; e Dra. Algemira Mendes,
coordenadora do Mestrado Acadêmico em Letras da UESPI.
Sua pesquisa se trata de uma interpretação da história da literatura piauiense a partir de fontes primárias, como documentos históricos, com a ideia de lançar interpretações diferentes e mais descentralizadas, pensando nas formações sociais, econômicas e culturais piauienses, que são distintas entre as diferentes regiões do Piauí. Com isso, a pesquisa buscou entender essas características particulares de cada região piauiense, que acabam refletindo na estrutura literária dessas localizações.
“A tese visa discutir a gênese da formação desse campo literário piauiense, e entender como ele se formou e as engrenagens dele, constituído por esses circuitos literários distintos. Então, buscamos compreender, também, os autores piauienses que estavam deslocados do Piauí na época, mas que produziam suas obras sobre o Estado. Abordamos sobre esses escritores que estavam em sua maioria no Recife, atraídos pela faculdade de Direito de lá, e que escreviam sobre a cultura popular, costumes e beleza do Piauí”, destacou o professor.
Durante a pesquisa, o autor percebeu a grande importância de escritores piauienses na formação literária de diversos circuitos no Brasil. O professor destacou a atuação de piauienses que fundaram veículos de imprensa importantes no Recife, assim como outros que foram fundamentais sendo diretores e/ou proprietários de imprensa, como é o caso de Félix Pacheco, no Rio de Janeiro, que permitiu a publicação de diversos livros escritos por piauienses no Jornal do Commercio, sendo considerado o grande embaixador das letras no Piauí.
O professor acrescentou que ter sua tese avaliada com nota máxima e conceito A é motivo de muito orgulho, destacando que fica mais feliz ainda por ter apresentado a literatura piauiense em outra região do País. “O Rio Grande do Sul conta com muitos estudiosos, teóricos e leitores da literatura. Então, levar o objeto literário piauiense para lá a fim de que ele seja reconhecido nacionalmente é incrível. Espero ter contribuído com uma maior localização da literatura piauiense dentro da literatura brasileira. A honra e o orgulho desse trabalho está em representar o Piauí”, finalizou.
Digitalização de jornais antigos impulsionam pesquisas na UESPI
Além de sua tese, o professor, em parceria com o curso de História de Floriano, Núcleo de Estudos Literários Piauiense (NELIPI) e com o Centro Cultural Sobral, digitalizou todos os jornais do século XX, que já estavam em fase de deterioração, o que resultou em quase sete mil páginas de jornais antigos para novas pesquisas.
“A imprensa é uma fonte primária essencial para se entender a história da literatura de um maneira mais profunda, então dar atenção à imprensa é dever e ocupação de todos os pesquisadores. Então, a nossa ideia agora é trazer uma segunda etapa desse projeto, que teria como objetivo tratar essas páginas digitalizadas e organizar todas as edições em PDF’s, para disponibilizá-las através de uma plataforma virtual vinculada à UESPI”, disse o professor Daniel.
A fundadora e coordenadora do Núcleo de Estudos Literários Piauienses (NELIPI), professora Algemira Macêdo, destacou que o objetivo da parceria é fazer um resgate da literatura piauiense através dos jornais. “Nós sabemos que a imprensa foi muito importante para o processo de consolidação da literatura no Brasil. Os escritores da época se utilizavam dos jornais para divulgarem suas obras, então é necessário ter conhecimentos dessas obras, valorizando-as. É uma parceria que pretendemos aumentar seu alcance para outras cidades e campi”, explicou.
Segundo a professora Tatiana Gonçalves, coordenadora do curso de História de Floriano, o projeto é importante devido a pouca produção historiográfica sobre a cidade de Floriano, e a digitalização desses jornais promove um resgate das memórias da região, podendo servir de base para pesquisas científicas.
“Não havia uma preocupação dos órgãos locais em proteger essas memórias documentadas, e esse projeto abraçou a causa. Com isso, mais pesquisas sobre a região e sobre o Estado serão produzidas. É um projeto muito rico, frutífero e que contamos com o grande empenho do professor Daniel Castello Branco e de alunos dos cursos de Letras e História para a sua realização”, finalizou a coordenadora.
Fonte: Uespi