O
derramamento de petróleo cru no Nordeste preocupa autoridades e ambientalistas,
que ainda não conseguem medir o impacto do desastre ambiental, mas já projetam
que serão necessárias décadas para que fauna e flora atingidas se recuperem.
O
material tóxico chegou em Áreas de Proteção Ambiental (APAs) como a de Santa
Isabel, em Pirambu (SE), Piaçabuçu (AL) e Delta do Parnaíba (PI), além dos
parques nacionais de Jijoca de Jericoacoara (CE) e Lençóis Maranhenses (MA).
Segundo
último boletim do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis), até agora foram atingidas 133 praias em 61 municípios dos
nove estados do Nordeste.
O biólogo Cláudio Sampaio, professor dos cursos de biologia e engenharia de pesca, diz que foram afetadas áreas já degradadas pela ação humana, o que potencializará os efeitos do derramamento.
"Esses
ambientes já estão fragilizados por conta de uma série de impactos, como
poluição, aquecimento global, introdução de espécies exóticas, turismo
desordenado e a sobre pesca, gente pescando além da capacidade dos ambientes
para eles se recomporem", diz Sampaio.
Ele afirma
que "o ambiente se refaz, mas uma vez contaminado pode demorar décadas
para se recuperar".
Impactos socioeconômicos
Além
do desastre ambiental, especialistas alertam para as consequências no turismo,
na economia e até na alimentação.
Isso
porque foram afetadas "áreas de manguezal, as gramas marinhas, que são
importantes áreas de reprodução para diversas espécies de valor comercial,
ecológico e turístico, como peixes, lagostas, camarões, peixe-boi,
tartarugas", diz Sampaio.
Segundo a Adema (Administração Estadual do Meio Ambiente), em Sergipe, caranguejos, guaiamuns, aratus, morreram ao ter o habitat invadido pelo óleo. "A substância é densa e já atinge diretamente a sobrevivência dos animais marinhos", explica a Adema,.
A bióloga Natali Ristau, fundadora e presidente do Instituto Amares, que monitora a vida marinha no Maranhão, também afirma que passado um mês do surgimento das manchas até agora "estamos vendo uma pequena fração do problema". Ela diz que o petróleo chegou a toda costa do Maranhão e está presente tanto em mar aberto quanto nas areias das praias.
"Sabemos que mesmo pequenas partículas podem ser letais se ingeridos pelos animais. O material é tóxico e se tratamento da veiculação pelo mar, podemos esperar uma diluição e dissipação de alguns compostos químicos, e uma consequente absorção por organismos filtradores, como ostra e outros mariscos. Esse é apenas um dos problemas. Pensando nisso, é possível imaginar o efeito em cadeia para os animais e para o homem que utiliza os recursos pesqueiros para a sobrevivência", observa a bióloga.
Proteção dos rios
O
governo de Sergipe anunciou que está adotando medidas para proteger as águas
fluviais, pois manchas oleosas foram encontras próximos à foz de rios
importantes, como São Francisco e do Jacaré. Em breve serão instaladas boias
absorventes para que o óleo não invada os rios. "Acionamos os órgãos e
empresas que possuem maior expertise no assunto para a contenção e não
contaminação dos nossos rios, uma vez que envolve o abastecimento humano",
afirma o secretário Estadual do Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade,
Ubirajara Barreto.
Fonte:
Uol