quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Grupo se reúne nas redes sociais e organiza protesto contra Jair Bolsonaro

Mobilizadas contra os "discursos de ódio, sexistas, homofóbicos e racistas" de Jair Bolsonaro, eleitoras brasileiras se uniram em grupos fechados nas redes sociais e já se preparam para ir às ruas contra o candidato à Presidência do PSL.

Em São Paulo, o protesto Mulheres Contra Bolsonaro será realizado no dia 29 de setembro, um sábado, no Largo da Batata (Pinheiros), a partir das 15h. Organizado pelo Facebook, o evento contava na tarde desta quarta-feira (12) com 42 mil presenças confirmadas e 155 mil interessados.
"Mulheres que se opõem à candidatura de Jair Bolsonaro não se calarão", diz o texto de apresentação na rede social. "Juntas mostramos nossas diferenças e o respeito à diferença. Temos lados, apoiamos programas políticos diversos e sabemos discutir com respeito. Juntas mostraremos o que é fazer política de forma democrática."

O texto explica que a manifestação está sendo organizada "de forma descentralizada" e "espontânea" por eleitoras e militantes que se conheceram no grupo Mulheres Unidas contra Bolsonaro, que em apenas 3 dias já soma mais de 1,2 milhão de integrantes no Facebook. Embora o grupo seja fechado, basta que alguém adicione o usuário para que ele automaticamente faça parte da comunidade.

As mulheres representam 52,5% do eleitorado brasileiro, e a rejeição feminina ao ex-capitão do Exército só cresce. De acordo com a última pesquisa Datafolha, divulgada na segunda-feira (10), 49% das mulheres afirmam que não votam em Bolsonaro de jeito nenhum. Nos levantamentos anteriores do instituto, esse índice era de 35% em junho e 43% em agosto.

A tendência também é verificada pelo Ibope. Pesquisa divulgada na terça-feira (12) aponta de 50% das mulheres não votam em Bolsonaro em hipótese alguma. Essa rejeição medida pelo Ibope já havia crescido de 41%, na pesquisa de agosto, para 49% no levantamento divulgado em 5 de setembro.

A estratégia de adversários como Geraldo Alckmin (PSDB), que disparou uma série de vídeos em que Bolsonaro aparece como inimigo das mulheres, parece ter surtido efeito entre o eleitorado feminino.

O tucano explorou na TV episódios em que o deputado xinga a deputada Maria do Rosário (PT-RS) de "vagabunda" e ofende uma jornalista da RedeTV!, chamando-a de "idiota" e "ignorante". Ambos os registros, de 2003 e 2014, foram feitos no Salão Verde da Câmara dos Deputados, dentro do Congresso Nacional.

O centro da discussão com Maria do Rosário era a redução da maioridade penal, defendida por Bolsonaro e rejeitada pela deputada. Na ocasião, o deputado falou pela primeira vez que a petista "não merece" ser estuprada, ofensa que voltou a fazer a Rosário em 2014, causando indignação. Hoje, o ex-capitão é réu no STF (Supremo Tribunal Federal) por apologia ao crime de estupro e injúria.

Também pesam contra Bolsonaro declarações misóginas, que colocam a mulher em posição inferior. Em 2017, o deputado chocou ao expor menosprezo em relação à própria filha. "Eu tenho 5 filhos. Foram 4 homens, a 5ª eu dei uma fraquejada e veio uma mulher", afirmou.

O candidato também já defendeu que as mulheres não devem receber o mesmo salário que os homens, mesmo que exerçam a mesma função.

Fonte: HuffPost Brasil