O
Laboratório Central do Piauí (Lacen) tem como objetivo primordial atender
a comunidade por meio da execução das mais diversas análises de interesse
da saúde pública. Uma delas é o trabalho de identificação do subtipo H1N1 da
influenza A, na qual foram confirmados, em 2018, 28 casos do tipo Síndrome
Respiratória Aguda Grave (SRAG). Esse tipo de exame realizado pelo Lacen é
considerado padrão ouro e permite precisão no diagnóstico e informação para
elaboração de medidas epidemiológicas para conter a proliferação do
vírus.
O
exame feito para testagem de H1N1 no Piauí é feito pelo método de Reação em
Cadeia da Polimerase (RT-PCR em tempo real), sendo uma reação da transcriptase
reversa, seguida de reação em cadeia da polimerase que utiliza como molde do
Ácido Ribonucleico (RNA) de cadeia simples. A partir do RNA, a enzima
transcriptase reversa sintetiza uma cadeia de DNA complementar. O exame
investiga o vírus influenza e seus subtipos, bem como realiza a investigação
para outros vírus respiratórios (OVRS).
A coordenadora de Patologia do Lacen, Joana Carolina Viana, explica como o RT-PCR em tempo real funciona, no qual será detectado o RNA do vírus, ou seja, o material genético do vírus da gripe.
A testagem segue algumas etapas até a liberação do laudo, com prazo limite de cinco dias. Primeiramente, a coleta do material é feita, preferencialmente, nas duas narinas e na orofaringe, após isso, o material é acondicionado em baixas temperaturas e transportados imediatamente para o Lacen. A partir daí, a amostra é colocada para processamento no equipamento específico para poder identificar se há presença de algum material genético de vírus, por meio de reagentes específicos. Depois, é feita uma extração desse material e efetuado um aumento exponencial para que a identificação do tipo fique mais acertiva. Por ser um exame em tempo real, é mais rápido que o convencional, em 8h ocorre o processamento da amostra.
A coleta da amostra é feita quando surge a suspeita, preferencialmente entre o primeiro e o sétimo dia do aparecimento dos sintomas e antes da administração do medicamento Tamiflu, como explica o diretor da Unidade de Vigilância e Atenção à Saúde, Herlon Guimarães, reiterando que o medicamento deve ser indicado ao paciente com suspeita, independente do resultado do exame, 72h após o aparecimento dos sintomas.
“Esse exame mostra-se mais específico para a identificação da influenza, analisando as sequências genéticas que os vírus possuem, possibilitando a diferenciação dos tipos e subtipos da influenza, que dentre esses subtipos está o H1N1”, explica a coordenadora de Patologia, ressaltando que anteriormente os exames eram feitos no Laboratório Adolfo Lutz, em São Paulo, e demoravam um mês para obtenção do resultado.
O exame RT-PCR em tempo real é considerado padrão ouro, específico e sensível. Além de ser um processo complexo e caro, depois do processamento no equipamento, o método exige profissionais qualificados para a análise dos dados, elaboração de estatísticas e quantificação. Investimentos feitos pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) na capacitação de profissionais permitiram que esse tipo de testagem fosse feita no Piauí, com resultados mais rápidos.
Os resultados analisados no Lacen podem servir como base pesquisas e produção de vacinas pelo Laboratório de Referência Nacional, o Instituto Adolfo Lutz. A coordenadora de patologia explica que em alguns casos ocorre a mutação do vírus e não há como identificar seu subtipo, então, são enviadas amostras para o instituto de referência que as estudarão para produção de conhecimento científico e de novos imunizantes.
Trabalho de vigilância
O Lacen é um laboratório de vigilância, trabalhando junto com as coordenações de vigilância tem a função de realizar diagnóstico laboratorial para as doenças de saúde publica, aquelas que possuem investigação pelas vigilâncias epidemiológica, ambiental ou sanitária. O trabalho de notificação é realizado pelos órgãos de vigilância municipais e estaduais, o Lacen participa em conjunto com esses órgãos fornecendo ou apoiando na realização dos exames necessários.
O Piauí utiliza o sistema gerenciador de ambiente laboratorial (GAL), um software nacional que todas as unidades e laboratórios da rede de saúde pública possuem, tanto para cadastro de requisição e amostras quanto para liberação de laudos, no sistema está interligado o sistema de notificação somente de forma a interligar um com o outro.
Fonte: Sesapi