A possibilidade de fechamento de 513 agências dos
Correios e a demissão de aproximadamente cinco mil funcionários ventilada na
imprensa nos últimos dias faz parte da estratégia de deterioração e
privatização das empresas públicas idealizada pelo governo Temer. Essa é a
avaliação predominante da audiência pública da Comissão de Direitos Humanos
(CDH), presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS) para debater a situação da
empresa.
“O governo Temer está demolindo tudo. Botando
abaixo. Isso que os Correios estão passando hoje, já aconteceu com os bancos
públicos. Quantas agências [bancárias] já não foram fechadas? Quantos
funcionários já não foram demitidos? Basta ver o que estão fazendo com a
Eletrobras, a venda de terras. É a entrega total do País. Essa é a filosofia
desse governo. Entregar as riquezas, governar para os ricos, pensar apenas no
lucro. Não existe preocupação com as pessoas”, criticou a senadora Regina Sousa
(PT-PI), presidenta da CDH.
Na última semana, em entrevista ao jornal O
Estado de S. Paulo, o presidente dos Correios, Carlos Roberto Fortner,
defendeu o fechamento de agências localizadas em regiões próximas uma da outra.
Mas, na audiência, o presidente da empresa afirmou que o estudo realizado pelos
Correios ainda está longe de ser concluído, sem detalhar a possibilidade de
fechamento de agências ou de demissões de funcionários.
“Essa informação saiu sem a conclusão do estudo
completo. É como o quadro de um filme inteiro. Nesse quadro, mostra um primeiro
número que ainda carece de uma série de estudos que estão em andamento. A
empresa não vai fazer a desativação de nenhuma agência sem ter a certeza
técnica de que aquela justificativa proposta é razoável para a melhoria da
qualidade do atendimento. Esse é o principal propósito do projeto. No final
desse processo, entre 2021 e 2022, é inegável que possam ocorrer demissões. Não
vou mentir”, disse.
José Rivaldo da Silva, secretário Geral da
Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e
Similares (FENTECT), relatou o clima de apreensão dos funcionários dos Correios
com a possibilidade de demissões e fechamento de agências e reclamou da
ausência de diálogo dos dirigentes dos Correios com a representação dos
trabalhadores.
“Os Correios querem transferir negócios para a
iniciativa privada? Para o modelo franqueado? Na ótica de terceirização do
serviço? Ou quer discutir um modelo de empresa que atenda toda a população
brasileira? A informação que circula nos corredores das empresas, inclusive
vindo de gestores, é de que a ideia é fechar todas as agências. E esse é um
processo que não tem sido discutido com os trabalhadores. A empresa
simplesmente implementa as ações e ficamos sabendo pela imprensa”, criticou. “O
presidente da empresa não desmentiu se vão ocorrer demissões nem aqui, nem na
imprensa. Ele apenas fala em processo de modernização. Não podemos concordar,
em hipótese alguma, com um modelo que tende a demitir trabalhadores”, emendou.
A deputada Érika Kokay (PT-DF) anunciou a
apresentação de requerimentos de informação para que se possa ter acesso aos
estudos técnicos realizados pelos Correios e compreender “a lógica por detrás
do fechamento das agências”.
“Não consigo entender a lógica que está em curso,
de fechamento de mais de 500 agências, com uma empresa que pagou para as
[agências] franqueadas cerca de 1,5 bilhão [de reais]. Uma empresa na qual as
franqueadas lucram mais do que os próprios Correios. Está se falando em cerca
de cinco mil demissões”, enfatizou.
Fonte: PT no Senado