PF investiga fraudes na aquisição de medicamentos pelo Ministério da Saúde em período da gestão de Ricardo Barros, atual líder do governo Bolsonaro
Ontem (21), a Polícia Federal deflagrou a Operação Pés de Barro, que investiga fraudes na aquisição de medicamentos de alto custo pelo Ministério da Saúde entre 2016 e 2018, período que compreende a gestão de Ricardo Barros (PP-PR) como ministro da pasta. Ele é o atual líder do governo Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Foram executados 15 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Alagoas, Minas Gerais, Pernambuco e no Distrito Federal. Em seu discurso nas Nações Unidas hoje, denunciado como mentiroso e ridicularizado ´nos bastidores da ONU e nas redes sociais, Bolsonaro declarou que o país está “há dois anos e oito meses sem qualquer caso concreto de corrupção”.
O suposto esquema favoreceria as empresas Global e Precisa Medicamentos, investigadas também no âmbito da CPI da Covid pelo chamado escândalo da vacina indiana Covaxin, envolvendo um contrato de R$ 1,6 bilhão que não foi concretizado devido à própria comissão parlamentar de inquérito. Segundo as denúncias, fraudes teriam sido a causa da morte 14 pacientes.
A recorrente Precisa Medicamentos
O empresário Francisco Maximiano, sócio-presidente da Precisa, intermediadora da compra da vacina, é um dos focos das investigações. Depois de tentar driblar a CPI da Covid por diversas vezes, ele foi obrigado a depor. Na oitiva, em 19 de agosto, abusou de mentiras e da frase “respeitosamente, vou permanecer em silêncio”. Mas foi confrontado com uma série documentos que devastaram sua estratégia. No fim, teve de se retratar para não ser preso.
De acordo com os policiais da Operação Pés de Barro, o esquema violou uma série de leis que regulam licitações e direitos administrativo e sanitário. Entre os prováveis crimes dos envolvidos estão fraude a licitação, falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva, estelionato, prevaricação, advocacia administrativa e corrupção.
Ligações com Ciro Nogueira
Também é alvo da Polícia Federal Davidson Tolentino de Almeida, muito próximo do senador licenciado e ministro da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro Nogueira. Ele era diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde na época dos fatos alvos da operação da PF e caiu após denúncia da revista Crusoé sobre propina.
Em seu governo, Michel Temer teve de recuar da indicação de Tolentino de Almeida para a direção da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). No ano passado, ele foi premiado com o cargo de diretor da Área de Revitalização das Bacias Hidrográficas da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), órgão controlado pelo Centrão e envolvido nas denúncias do orçamento secreto. Foi destitído do cargo em 1° de setembro.
Em maio, o jornal O Estado de S. Paulo revelou o chamado orçamento paralelo (ou secreto) usado para agradar parlamentares aliados do governo Bolsonaro.
Fonte: Rede Brasil Atual