O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel
respondeu, nesta quinta-feira (21), as acusações feitas pelo presidente Jair
Bolsonaro de que estaria manipulando as investigações do assassinato da
vereadora Marielle Franco. Irritado com as falas do capitão da reserva, o
ex-juiz prometeu processar Bolsonaro. "Ele está acusando um governador de
manipular a polícia do seu Estado. A polícia do Rio é independente.
Infelizmente, o senhor Jair Bolsonaro passou dos limites", disse Witzel,
em entrevista ao jornal O Globo.
"Eu vou tomar providencias judiciais
contra ele, vou iniciar uma ação penal para que ele responda pelos seus atos
tentando me acusar de fatos que eu não pratiquei", completou o governador.
Ainda segundo Witzel, a família do presidente não deveria estar preocupada com
as investigações caso não tivesse nada a esconder.
"Se o Flávio Bolsonaro está sendo investigado, se esse processo da
Marielle tem um fato que envolve a casa do presidente, isso não compete a mim,
e sim ao Ministério Público, que tem independência, à Polícia Civil, que no
nosso governo ganhou independência. Quem não deve não teme", provocou o
governador.
Entenda as acusações de Bolsonaro contra
Witzel
No início de novembro, pouco depois de um
porteiro citar o presidente da República como a pessoa que liberou a entrada de
um acusados do homicídio de Marielle Franco no condomínio, Bolsonaro já havia
falado que o governador do Rio estava por trás da investigação. Na época, o presidente
já havia rompido com boa parte do PSL.
“(Witzel) Não podia ter acesso a um processo
em segredo de Justiça. Mais do que isso, né? A minha convicção é de que ele
agiu no processo para botar meu nome lá dentro”, afirmou o presidente, que
foi a uma concessionária da Honda buscar uma moto que adquiriu.
Bolsonaro também acusou o delegado da Polícia
Civil responsável pelo caso Marielle de ser “amiguinho” do governador. Ele
disse ainda que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, foi acionado e entrou
em contato com o procurador-geral da República, Augusto Aras, para tratar do
caso. “Eu não trato isso com o Aras. Não tem cabimento, o tratamento com Aras
foi via ministro da Justiça”, afirmou.
“Está requisitado, está tudo deferido, é a Polícia Federal com o assessoramento do MP Federal lá da seção do Rio de Janeiro. Vamos ouvir o porteiro, vamos ouvir aí o delegado também, o delegado que é muito amiguinho do governador, e logicamente que gostaria que o governador também participasse, né?”, disse o presidente.
Bolsonaro se disse vítima de perseguição e reiterou que não estava em sua casa no condomínio Vivendas da Barra no dia 14 de março de 2018. “Eu estava aqui (em Brasília), não estava lá. E outra, nós pegamos antes que fosse adulterado, pegamos lá toda a memória da secretária eletrônica, que é guardada há mais de anos, a voz não é minha. Não é o seu Jair. Agora, o que eu desconfio, que o porteiro leu sem assinar ou induziram ele a assinar aquilo. Induziram entre aspas, né? Induziram a assinar aquilo”, afirmou.
Nesta quinta-feira, o presidente voltou a citar o nome de Witzel. "Esse é o trabalho, em parte, desse governador que tem obsessão de ser presidente da República. Dizem alguns que no seu gabinete ele usa a faixa presidencial", afirmou Bolsonaro.
Fonte: Terra