Que o Brasil
é lindo não há dúvidas, mas a região Nordeste consegue a façanha de reunir a
maior coleção de cartões-postais nacionais por metro quadrado. São nove estados
—Maranhão, Piauí, Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Alagoas, Sergipe — cada um com uma peculiaridade, um sotaque e uma vocação
inequívoca para o turismo.
O litoral
nordestino é o grande atrativo da região. São 3.338 km de praias com águas às
vezes mornas, às vezes frias, às vezes tranquilas, às vezes revoltas, com tons
que variam do verde esmeralda ao azul safira e estrutura de lazer para atender
tanto às famílias em férias quanto aos aventureiros, mochileiros e estrangeiros
que se encantam pelas belezas de lá.
Em 1500, os portugueses já deram a letra: “terra como esta não há”. Também pudera, eles estavam desembarcando no sul da Bahia, ali pelos arredores de Porto Seguro, que 500 anos depois despontaria como um dos destinos turísticos mais importantes e disputados do país.
A tríade Porto Seguro, Arraial d’Ajuda e Trancoso lidera há anos o ranking informal de “lugar no Brasil para se ver antes de morrer”. Seja pela badalação das mega barracas de axé, pelas praias magníficas, pelos charmosos Resorts pé na areia ou pela rusticidade das aldeias de pescadores e indígenas que ainda resistem, essas localidades recebe milhares de turistas todos os anos que ficam extasiados com tantas belezas.
Coladinho à Bahia, Sergipe oferece uma atração longe do litoral: o espetacular Cânion do Xingó. Quinto maior cânion do mundo e o maior cânion navegável, o local possui belos paredões rochosos esculpidos naturalmente há cerca de 60 mil anos pela ação do clima e dos ventos. As visitas ao local incluem uma parada para banho na Gruta do Talhado e é impossível não se sentir energizado depois de um mergulho no mítico Velho Chico.
Energia essa que você também encontra nas impressionantes águas transparentes das praias de Alagoas. O Estado é pródigo em maravilhas, não à toa é chamado de “O Caribe Brasileiro”. Maceió tem a orla urbana considerada a mais bonita do Nordeste. De Pajuçara a Jatiúca é um festival de mar verde, coqueiros, calçadão agitado e jangadas coloridas que deixam os desavisados tontos com tantas coisas para ver. Maragogi e Praia do Francês estão em todos as relações de praias mais bonitas do mundo e São Miguel dos Milagres já concorre para o título de paraíso perdido na Terra. Rústica, simples, de beleza exuberante e sem uma barrinha sequer de sinal no celular, a praia é o destino para quem busca natureza em estado bruto para relaxar, descansar e desligar.
E o que falar dos pequenos no tamanho e gigante em atrações Paraíba e Piauí. Em João Pessoa, o centro velho com seus bares, cafés e restaurantes dividem a atenção com suas praias extensas e tranquilas circundada por uma animado calçadão que ferve de praticantes de esportes, crianças brincando, casais namorando ou apenas nativos que aproveitam a constante e agradável brisa que sopra dia e noite. Próximo à capital, a Praia de Coqueirinho já foi eleita uma das dez mais bonitas do Brasil. Quem a visitou dificilmente discorda.
O minúsculo Piauí, com apenas 66 km de litoral, é uma joia ainda a ser lapidada. Mais famoso pelo impressionante Delta do Parnaíba, o encontro das águas do Rio Parnaíba com o Oceano Atlântico, as praias do Estado já foram descobertas pelos estrangeiros praticantes de kite surfe que chegam à Barra Grande em busca dos bons ventos que por lá sopram. Por motivos óbvios para quem visita a localidade, muitos ficam por lá e acabam abrindo pousadas, bares e restaurantes que conferem à bucólica Barra Grande um curioso ar cosmopolita.
Os praticantes de esportes
de vento já conhecem o Brasil de longa data. Há décadas as primeiras velas
chegaram no litoral do Ceará e hoje a etapa brasileira do campeonato mundial
acontece em Cumbuco, praia a cerca de 40 minutos de Fortaleza e bem guarnecida
de quiosques, restaurantes, pousadas e Resorts que atraem turistas e moradores
da capital.
E é impossível falar de Ceará sem citar Jericoacoara. A aldeia de pescadores que se tornou um dos destinos turísticos mais badalados do planeta.
Não vou mentir: não é fácil chegar a Jeri. O trajeto só pode ser feito em 4×4 por motoristas credenciados, mas acredite, vale cada sacudida do caminho. Debruçada sobre um Atlântico pacífico, verde e esplêndido, a vila une o melhor dos mundos. Durante o dia: praia, lagoa e sol em paisagens de perder o fôlego. À noite: luau, baladas, restaurantes sofisticados, um centrinho animado com música ao vivo em cada esquina, muita paquera, gente bonita e corpos bronzeados.
Quem curte este estilo vai se sentir em casa em Pipa, no Rio Grande do Norte. Encarapitada sobre falésias coloridas com vista para o mar de várias cores, o vilarejo é o ponto de partida para quem quer se deslumbrar em uma praia mais bonita do que a outra. Praia do Amor, do Madeiro, do Porto, Baía dos Golfinhos… A lista é enorme e ainda tem as lagoas! Depois de um dia de exploração pelas belezas locais, a Vila de Pipa se ilumina à noite e recebe seus visitantes de braços abertos em suas galerias de arte, ateliês, forrós, lojinhas e restaurantes. Acredite: dificilmente você vai dormir antes do sol nascer.
Já em Pernambuco, a metropolitana, mas não menos interessante, Recife rivaliza com Salvador como a capital do Nordeste. O Recife Antigo é uma pérola da arquitetura colonial, um recorte histórico de um Brasil que teve no Nordeste seu motor de desenvolvimento político, social e intelectual. As pontes sobre os rios Beberibe, Capibaribe e Jaguaribe revelam a vocação dessa “Veneza brasileira” que se lança ao mar sedenta por novidades. Essa curiosidade nativa fez do Recife um dos principais polos de desenvolvimento tecnológico do país, o Vale do Silício tupiniquim.
Como uma avó atenta às estripulias do neto, Olinda observa impávida o novo que se aproxima. O conjunto de igrejas barrocas, o casario colonial que hoje é o endereço de cafés, ateliês e restaurantes e a paisagem espetacular avistada do Alto da Sé justificam a lenda local de que o nome teria nascido do espanto dos portugueses que exclamaram ao chegar: “Ó linda vista, pá!” e por lá fundearam suas construções.
Os portugueses, esses danadinhos, sempre souberam o que é bom e correram para expulsar os franceses do Maranhão. São Luis do Maranhão é a única cidade brasileira fundada pela coroa francesa e ainda é possível ver em alguns prédios históricos o símbolo da Flor de Lis da Casa de Bourbon, dinastia a qual pertencia Luis IX, homenageado no batismo da cidade por ser o rei à época da invasão. Conhecida como Ilha do Amor, a capital tem a maior coleção de azulejos portugueses da América Latina, expostos ao ar livre nas fachadas do Centro Histórico, e uma curiosidade rítmica: é a capital nacional do reggae, com um museu dedicado ao gênero e bailes quase todos os dias.
Fonte: Metrópole