O
presidente Jair Bolsonaro vetou integralmente uma proposta que obrigava os
profissionais de saúde a registrar no prontuário médico da paciente e comunicar
à polícia indícios de violência contra a mulher. O Projeto de Lei da Câmara
(PLC) 61/ 2017 foi aprovado em setembro pelos deputados, na forma do PL 2538/2019.
De
acordo com a mensagem presidencial, os ministérios da Mulher, da Família e dos
Direitos Humanos e da Saúde manifestaram-se pelo veto ao projeto alegando contrariedade
ao interesse público. "A propositura legislativa altera a vigente
notificação compulsória de violência contra a mulher atendida em serviço de
saúde público ou privado, que atualmente tem por objetivo fornecer dados
epidemiológicos, somente efetivando-se a identificação da vítima fora do âmbito
da saúde em caráter excepcional, em caso de risco à comunidade ou à vítima,
sempre com o seu consentimento. Assim, a proposta contraria o interesse público
ao determinar a identificação da vítima, mesmo sem o seu consentimento e ainda
que não haja risco de morte, mediante notificação compulsória para fora do
sistema de saúde, o que vulnerabiliza ainda mais a mulher, tendo em vista que,
nesses casos, o sigilo é fundamental para garantir o atendimento à sua saúde
sem preocupações com futuras retaliações do agressor, especialmente quando
ambos ainda habitam o mesmo lar ou ainda não romperam a relação de afeto ou
dependência", diz a justificativa do veto.
A proposição, de iniciativa da deputada Federal Renata Abreu (Podemos-SP), alterava a Lei Maria da Penha (Lei 11.340, de 2006) com o objetivo de constituir objeto de notificação compulsória, em todo o território nacional, os casos em que houvesse indícios ou confirmação de violência contra a mulher atendida em serviços de saúde públicos e privados. Os casos também deveriam ser obrigatoriamente comunicados à autoridade policial no prazo de 24 horas, para as providências cabíveis e para fins estatísticos. O veto segue para análise de senadores e deputados em sessão no Congresso. Ainda não há data para inclusão desse veto na pauta.
Fonte: Agência Senado