O
artista plástico Galeno está entrando no circuito internacional. As suas obras
foram expostas em Nova York, em Chicago, em Miami e na Suíça. Ao visitar a
mostra do piauiense/brasiliense em Nova York, um curador norte-americano ficou
encantado com as formas construtivistas e a radiação de cores e o convidou para
uma exposição em Porto Rico. A passagem por Nova York rendeu a oportunidade de
apresentar o trabalho em Miami.
Além disso, várias obras de Galeno foram vendidas
para importante coleção na Suíça. Com isso, é o único artista de Brasília que
teve exposições em cinco países. Na verdade, ele é um dos artistas brasileiros
mais prestigiados pelo Itamaraty na divulgação das artes plásticas. A
instituição costuma comprar as serigrafias impregnadas de signos, cores e
formas da brasilidade para presentear a representantes de outros países. O
ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, é uma das personalidades que
recebeu obras de Galeno.
As mostras do circuito internacional incluem obras
antigas e novas. A produção atual registra a passagem pelo Delta da Parnaíba,
matriz de toda a obra de Galeno, com a luminosidade, os objetos da cultura
popular, os objetos cotidianos transfigurados pelos jogos construtivistas, as
paisagens bucólicas, a luminosidade, os companheiros e o calor humano:
"Vim menino, sobrecarregado das lembranças e dos encantamentos com as
cores e formas do Parnaíba, em termos espirituais e de sentimento".
As pinturas não são as tradicionais; não se
restringem ao espaço da tela. Elas escapam da moldura e se transformam em
objetos e esculturas: "A meu ver, embora tenha uma inspiração popular,
está mais para a arte contemporânea. De repente, as coisas se apresentam e vem
a surpresa e a descoberta. Reflete muito a alegria de estar no Parnaíba. Quando
eu saí de lá, as coisas se quebraram. Mas a continuidade dela foi Brasília.
Intuitivamente, o Parnaíba sempre esteve retratado. E, quando vou para lá, levo
Brasília comigo".
Embora a matriz seja a tradição popular nordestina
do Parnaíba, Brasília foi muito importante no sentido do aprendizado da arte,
uma vez que a capital modernista é um museu a céu aberto, construído por
grandes artistas brasileiros modernos: Oscar Niemeyer, Athos Bulcão, Volpi e
Rubem Valentim, entre outros: "Brasília me deu um solavanco e me fez andar
mais para frente", observa Galeno.
Galeno sempre concebe jogos e combinações inéditas
para os signos essenciais de sua arte: as latas de sardinha, as canoas, a
tecelagem das rendeiras, as pipas e o artesanato em madeira. É uma obra, a um
só tempo, popular e contemporânea: “São trabalhos em que interajo com as pessoas
que tem ligação com o meu passado”, explica Galeno. "É a história do meu
pai, da minha mãe, do meu avô. Isso me dá força e faz com que caminhe com mais
liberdade. A ideia e a iniciativa de mostrar a minha obra no circuito
internacional partiu da minha agente, Carla Osório".
O pai é um dos personagens mais importantes da arte
de Galeno. Foi construtor, marceneiro e jogador de futebol. Transita muito pela
madeira: "Até os 20 anos, a gente não tinha nenhuma conversa", conta
Galeno. "A minha história é pequena em relação a dele. Hoje, ele faz as
minhas telas, objetos e esculturas. O meu pai é um artesão muito melhor do que
eu. O artista chefe é ele. Existe confiança mútua, respeito e comunhão. Isso me
deixa muito feliz".
"Este aqui é enjoado no pincel", costuma
comentar o pai ao se referir ao trabalho de Galeno como pintor: "A gente
ri muito. Quando existe intimidade o mundo funciona melhor".
Fonte: Correio
Braziliense