Mobilizadas
contra os "discursos de ódio, sexistas, homofóbicos e racistas" de
Jair Bolsonaro, eleitoras brasileiras se uniram em grupos fechados nas redes
sociais e já se preparam para ir às ruas contra o candidato à Presidência do
PSL.
Em
São Paulo, o protesto Mulheres Contra
Bolsonaro será realizado no dia 29 de setembro, um sábado, no Largo da
Batata (Pinheiros), a partir das 15h. Organizado pelo Facebook, o evento
contava na tarde desta quarta-feira (12) com 42 mil presenças confirmadas e 155
mil interessados.
"Mulheres
que se opõem à candidatura de Jair Bolsonaro não se calarão", diz o texto
de apresentação na rede social. "Juntas mostramos nossas diferenças e o
respeito à diferença. Temos lados, apoiamos programas políticos diversos e
sabemos discutir com respeito. Juntas mostraremos o que é fazer política de
forma democrática."
O
texto explica que a manifestação está sendo organizada "de forma descentralizada"
e "espontânea" por eleitoras e militantes que se conheceram no grupo
Mulheres Unidas contra Bolsonaro, que em apenas 3 dias já soma mais de 1,2
milhão de integrantes no Facebook. Embora o grupo seja fechado, basta que
alguém adicione o usuário para que ele automaticamente faça parte da
comunidade.
As
mulheres representam 52,5%
do eleitorado brasileiro, e a rejeição feminina ao ex-capitão
do Exército só cresce. De acordo com a última pesquisa Datafolha, divulgada na
segunda-feira (10), 49% das mulheres afirmam que não votam em Bolsonaro de
jeito nenhum. Nos levantamentos anteriores do instituto, esse índice era de 35%
em junho e 43% em agosto.
A
tendência também é verificada pelo Ibope. Pesquisa divulgada na terça-feira
(12) aponta de 50% das mulheres não votam em Bolsonaro em hipótese alguma. Essa
rejeição medida pelo Ibope já havia crescido de 41%, na pesquisa de agosto,
para 49% no levantamento divulgado em 5 de setembro.
A
estratégia de adversários como Geraldo Alckmin (PSDB), que disparou uma série
de vídeos em que Bolsonaro aparece como inimigo das mulheres, parece ter
surtido efeito entre o eleitorado feminino.
O
tucano explorou na TV episódios em que o deputado xinga a deputada Maria do Rosário
(PT-RS) de "vagabunda" e ofende uma jornalista da RedeTV!, chamando-a
de "idiota" e "ignorante". Ambos os registros, de 2003 e
2014, foram feitos no Salão Verde da Câmara dos Deputados, dentro do Congresso
Nacional.
O
centro da discussão com Maria do Rosário era a redução da maioridade penal,
defendida por Bolsonaro e rejeitada pela deputada. Na ocasião, o deputado falou
pela primeira vez que a petista "não merece" ser estuprada, ofensa
que voltou a fazer a Rosário em 2014, causando indignação. Hoje, o ex-capitão é
réu no STF (Supremo Tribunal Federal) por apologia ao crime de estupro e
injúria.
Também
pesam contra Bolsonaro declarações misóginas, que colocam a mulher em posição
inferior. Em 2017, o deputado chocou ao expor menosprezo em relação à própria
filha. "Eu tenho 5 filhos. Foram 4 homens, a 5ª eu dei uma fraquejada e
veio uma mulher", afirmou.
O
candidato também já defendeu que as mulheres não devem receber o mesmo salário
que os homens, mesmo que exerçam a mesma função.
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