O
pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) tem usado as redes sociais para expor
críticas e ataques que recebe de cidadãos comuns.
No
dia 1° de julho, por exemplo, o deputado postou para 1,2 milhão de seguidores
no Twitter a foto de um muro com a pichação "Morte aos bolsominions".
À publicação, acrescentou o seguinte comentário: "O amor, a paz, a
compreensão, o carinho, a educação..."
Famoso
por declarações controversas a respeito de ditadura, tortura, mulheres, negros
e LGBT’s, o comentário do deputado sobre
"amor" e "compreensão" soa como ironia.
Com as postagens e declarações recentes, Bolsonaro também tenta desqualificar e expor o que seria uma contradição da esquerda, que, segundo ele, é a responsável pela disseminação do "politicamente correto".
Em sabatina realizada pelo Correio Braziliense no início de junho, Bolsonaro minimizou a importância de ações de combate ao discurso de ódio e disse que essa é uma "questão secundária” no Brasil.
"Essa historinha de ódio quem mais fala é o pessoal da esquerda. Sou uma das pessoas mais atacadas e não dou bola para isso", disse o pré-candidato.
“Sarcasmo”
Para o cientista político Pedro Arruda, professor da PUC-SP, as postagens de Bolsonaro evidenciam "sarcasmo" com a defesa dos direitos humanos.
"Beira o sarcasmo, porque o discurso dele é truculento e autoritário. Mas isso ajuda a atrair uma militância. Diante da ausência de conteúdo, acaba servindo para manter a atenção do público em geral", disse Arruda ao HuffPost Brasil.
"Levando em consideração que o Bolsonaro não tem propostas concretas para economia, saúde, educação, fazer brincadeira com assuntos que são muito sérios é uma forma de se manter em evidência", completou o professor.
Líder nas pesquisas de intenção de voto nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro aposta nas redes sociais para interagir com os eleitores. O PSL tem menos de 10 segundos de tempo de TV, e a proximidade do início oficial da campanha, em 16 de agosto, preocupa.
Intolerância
Declarações controversas já renderam a Bolsonaro ações na Justiça e até condenações.
Por sua fala de que quilombola "não serve nem para procriar", foi processado por discriminação e condenado a pagar R$ 50 mil por danos morais. A decisão cabe recurso. O deputado também é réu no STF (Supremo Tribunal Federal) por apologia ao crime de estupro e injúria por dizer que a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) "não merece" ser estuprada por ele.
A polêmica mais recente envolvendo o presidenciável aconteceu na última sexta-feira (13). Em agenda em Eldorado do Carajás, no Pará, Bolsonaro defendeu policiais presos pela morte de 19 trabalhadores sem-terra em 1996, em massacre que marcou a região.
"Quem tinha que estar preso era o pessoal do MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra], gente canalha e vagabunda. Os policiais reagiram para não morrer", afirmou.
O impacto negativo da declaração, no entanto, foi alto.
De acordo com o site de notícias jurídicas Jota, levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (DAPP-FGV) apontou que a fala de Bolsonaro sobre Eldorado dos Carajás repercutiu de maneira majoritariamente negativa nas redes sociais, o que é raro no histórico de engajamento do ex-militar.
Fonte: Huffpost Brasil